quarta-feira, 6 de novembro de 2013

«Vai passear!»


O running começa a fazer parte do léxico e dos hábitos dos portugueses. Há uns tempos era o jogging. E, apetece perguntar, «não pode ser apenas um walking?

As virtudes do passeio, confirmadas pelos investigadores de cardiologia e, também, da neuropsicologia, há muito que são uma evidência para a medicina. Caminhar para arejar as ideias, desenferrujar os músculos e, agora que se aproxima o inverno, ajuda a combater os sedentarismo e é bom para fortalecer defesas. Uma prática simples, mas eficaz, ecológica e ‘no cost’. 


Ok, custa um bocado contrariar a inércia, agora que os dias são mais curtos e as variações climatéricas convidam ao conforto do lar e dos espaços fechados.
Certamente já lhe aconteceu «tropeçar» numa ideia para aquela questão que ficou o dia todo às voltas, na cabeça, na hora de ir desejar o lixo? Ou enquanto passeia o cão? O simples caminhar, estar em movimento sem que seja isso seja um objectivo (o «ter-de-fazer-exercício-entre-as-outras-mil-tarefas-do-dia»), pode ter um impacto subtil, mas surpreendente.

Alguns dos mais proeminentes filósofos e escritores, de Rosseau a Kant, passando por Jack Kerouac e Bruce Chatwin, testemunharam os benefícios da caminhada, desconhecidas que eram, então, as evidências científicas do «dar corda aos sapatinhos».  Além de estimular a coordenação motora e o hemisfério direito, a parte do cérebro associada à intuição e à criatividade, caminhar promove a capacidade de autofoco e o «grounding» (que significa enraizamento). Pés na terra e cabeça nas estrelas, portanto.
Se andar for, para si, uma actividade monótona, há sempre a possibilidade de repetir a experiência introduzindo alguns ingredientes estimulantes.

Sugestões:
Caminhar na companhia de alguém (escolher se prefere caminhar em silencio ou enquanto põe a conversa em dia é um ponto importante)

Escolher um percurso diferente (há quem prefira o paredão, junto ao mar, e quem prefira paisagens mais desafiadoras e com menos densidade de transeuntes e poupar-se ao «frete» da passadeira do ginásio)  

Optar por uma hora do dia em que não tenha de estar sempre «on» (ao telemóvel, a combinar detalhes da agenda laboral ou quando está perto da hora de algum compromisso inadiável);

Se a noite é um ambiente mais cativante (por estarem «arrumadas» as rotinas do dia, já estar sem vontade de ver os mesmo programas diante do sofá ou simplesmente porque a seguir vai dormir melhor, depois de reciclar a «tralha mental» a cada passada), óptimo. 

Se madrugar é o seu registo, nada como começar o dia a clarificar ideias em movimento, antes de mergulhar na «máquina de lavar» dos afazeres quotidianos.