domingo, 23 de janeiro de 2011

Confiar é preciso

Sempre que os males de amor teimam em bater à porta, não se queixe da má sorte. Através deles, aprenda a acreditar mais em si e nas oportunidades da vida

menwithpens.ca

Por Clara Soares

Embora o amor seja o bem mais precioso que homens e mulheres procuram, os desencontros e decepções acabam por ser o caminho mais rápido para se conhecerem uns aos outros e afinarem expectativas, crenças pessoais e até formas mais enriquecedoras de relacionamento. Um estudo divulgado na revista Psychology Today, sobre os factores que trazem valor acrescentado e bem-estar à vida, mostrou que o maior indicador de felicidade é – mais do que o salário, a liberdade política ou a saúde mental – um relacionamento estável no plano afectivo. As vantagens físicas e emocionais do amor podem ser tão valiosas que se torna quase legítimo correr atrás delas sem olhar a riscos e, por vezes, de forma indiscriminada. Ver em alguém algo que nos falta e nos preenche, ter esse alguém sempre por perto e confiar-lhe todas as nossas carências e assuntos não resolvidos revela-se uma ideia atraente mas arriscada, pois quando o foco é exclusivamente centrado na descoberta da pessoa ideal para confiar, há pistas que ficam pelo caminho e o mais certo é acabar sem ninguém.


De tal modo que o consultor da série "Sexo e a Cidade", Greg Behrendt, dedicou um episódio inteirinho ao temado seu livro "He’s not into You", em conjunto com Liz Tucillo, que se baseou na sua experiência de ter gostado de homens que a rejeitavam. Entrevistado por Oprah Winfrey, Greg afirmou que as mulheres são peritas em fechar os olhos a sinais ambíguos lançados pelo sector masculino, nem sempre interessado em compromissos sérios. Resultado: iludem-se a si mesmas até ouvirem um rotundo “não”, até o encontrarem com outra ou perceberem que aqueles encontros eram um mero passatempo. Para ter certezas, o conselho dos autores é radical: nada de feminismos, o melhor mesmo é esperar que eles sejam os primeiros a convidá-las a sair, sem ansiedades nem atitudes desesperadas.Mas por trás desta ânsia de confiar-se a alguém, de entregar-se a qualquer preço, pode estar um coração vazio, uma personalidade imatura e, por conseguinte, nada inspiradora de confiança para os potenciais candidatos.O segundo motivo para não ir à procura do amor da sua vida surge, naturalmente, desta premissa: na maioria dos casos, o amor encontra-a a si. Quando é que isso acontece? Quando o amor que se tem para dar existe em sede própria e pode ser, aí sim, partilhado (sem que a dádiva possível e aceitável para um não seja sempre pouca para o outro, que assume – queira ou não – o papel de eternamente insatisfeito).


Ser confiável torna-se o requisito número um para inspirar confiança e atrair um compromisso gratificante para as partes. O passo seguinte é ser capaz de resistir aos primeiros equívocos, frustrações e embates. Entre as razões mais frequentes que levam ao desgaste e à separação, os conflitos são a mais evidente: o dinheiro, a educação dos filhos, as tarefas domésticas, a gestão dos tempos livres e, claro, o sexo, são quase sempre chamadas de atenção, nem sempre conscientes, para necessidades pessoais antigas.À conta de tantas vezes se reprimir o que se quer dizer na hora certa, de fazer de conta que não se vê nem se sente para não criar conflito, ele acaba por irromper pelas vias disponíveis e nas horas mais críticas. Instalada a desconfiança, o diálogo assume a forma de um combate e, para muitos casais, a crise aberta acaba por funcionar como o único escape para gritar o que poderia ser dito sem medos nem ameaças, sem acusações nem inseguranças. As carências ocultas que emergem à superfície podem ser, uma vez por outra, mascaradas com as reconciliações, mas não as resolvem.O grande mistério de uma relação “sem preço” reside na atitude desprendida (sem esperar mais do que o outro pode dar), associada a uma boa dose de compaixão (o outro também tem vulnerabilidades, defeitos e qualidades) e humor (nada é tão sério que justifique uma atitude desesperada).

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